Exclusivo! Badalado tattoo artist do “Miami Ink”, Ami James bate um papo com HT sobre moda, mulher, tendência e comportamento


Em passagem pelo Brasil, o profissional dublê de pit boy – que vai abrir novo estúdio dentro de uma loja Chilli Beans em Miami – fala sobre o que é modismo atualmente na hora de rabiscar a pele

Em meteórica passagem nesta semana pelo Brasil, o gênio da tattoo art Ami James, conhecido mundialmente pelo programa “Miami Ink”, exibido no TLC, deu o que falar. Sua chegada no navio MSC Costa Favolosa – sede al mare do Fashion Cruise –, foi cercada de mistério, já que, com entrevista agendada, desmarcou compromissos por conta de um suposto enjoo. “Como assim?”, comentavam os fãs, estupefatos e acreditando que o rapaz todo tatuado – de boné e cabeça raspada, marombadão, típico bad boy criado desde os 12 anos na cidade-símbolo da Flórida, Miami – não pudesse ser acometido por náuseas de espécie alguma, como se a fama de mau pudesse blindá-lo de qualquer mal-estar. “Ele está com uma sinusite braba”, tratou de esclarecer mais tarde um assessor, quando o workshop foi adiado de horário, deixando claro que não se tratava de primadonnice.

James: 40 tatuagens em quase 43 anos de vida e farta experiência em rabiscar aquilo que o povo gosta (Foto: Reprodução)

James: 40 tatuagens em quase 43 anos de vida e farta experiência em rabiscar aquilo que o povo gosta (Foto: Reprodução)

Encontro remarcado, o israelense prestes a completar 43 anos, mais de 40 tatuagens em seu corpo, taurino amante das artes plásticas e marciais, se encarrega logo de mostrar que não é um superstar inalcançável, mas um profissional simples e boa praça, apesar da aparência de pit-bull. Começa a tatuar um elaboradíssimo desenho em Claudio Sahito, 29 anos, natural de São Paulo, formado em engenharia e atuando como pesquisador, que ganhou num concurso realizado pela Chilli Beans o direito de ter a pele perfurada pelo bamba.

James não faz por menos: escolhe como rabisco uma complicada tartaruga para ser grafada na panturrilha do rapaz sorteado, executando a obra direto na mão, sem precisar decalcá-la, diante de uma plateia atônita de curiosos, que não acreditavam que ele pudesse dar conta na munheca de um desenho dessa responsabilidade a bordo da sacolejante embarcação, que sacudia para lá e para cá em níveis titanescos. Um feito e tanto, considerando a complexidade do desenho. E, depois dessa proeza, o designer ainda bateu aquele papinho exclusivo com o HT sobre moda e comportamento. Confira!

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HT: Tattoo e moda andam de braços dados, ainda mais quando consideramos o viés do comportamento. Motivos orientais, ideogramas chineses, tribais maori, caveiras mexicanas e flores a la Frida Kahlo já foram tendência forte. Atualmente, o que você considera mais em voga?

AJ: Tipologia é o que há. Pelo menos de uns cinco anos para cá, todo mundo quer letras e frases rabiscadas pelo corpo, em vários estilos, línguas, designs.

HT: Como se quisessem exibir ideologias, com a epiderme substituindo as camisetas?

AJ: Exato. O conceito de vestir a tatuagem nunca foi levado tão ao extremo. É bom mesmo ter certeza de que aquilo que vocês quer grafar na sua pele é algo com quem você estará afinado mentalmente para sempre, pois tattoo não é descartável como t-shirt.

HT: Que tipo de desenho você recomendaria para as garotas e rapazes? E aqueles que não estimularia de forma alguma?

AJ: Tatuagem é um universo muito amplo e pessoal. Prefiro me concentrar dizendo o que não recomendo: desenhos de mãos e rostos. Porque, primeiro o profissional tem que ser muitíssimo bom mesmo para executar esse tipo de tarefa e nem todos têm esse grau de excelência, mesmo sendo bons. É como ter a faixa preta de judô. Segundo porque, depois de uns dez anos, a pele pode mudar e o desenho do rosto e da mão pode ficar desfigurado. Um horror!

HT: Algum desenho que você gostaria de fazer e que ainda não fez?

AJ: Não tenho esse problema. Todo dia surge uma nova ideia a ser experimentada, as possibilidades são infinitas. E com o Google, é possível pesquisar indefinidamente, embora não curta esse excesso de referências digitais e a falta de consistência. Tudo acaba ficando muito pasteurizado porque, no final, as fontes são as mesmas. As pessoas precisam deixar de ser preguiçosas – tanto os tatuadores quanto quem quer fazer uma tatuagem – porque existem tantas formas melhores de ter acesso às influências. Eu amo os desenhistas japoneses de até 750 anos atrás, pesquiso, corro atrás, assim como sou fã de Leonardo da Vinci. Aliás, como esse cara criava aqueles desenhos? Onde estava sua inspiração, da onde ele tirou tudo aquilo que desenhou? De onde vieram as referências se no Renascimento não tinha internet?

HT: E, na sua opinião, qual a parte do corpo da mulher mais sexy para se fazer uma tattoo?

AJ: Ah, vamos ser sinceros: mulher é mulher! O corpo inteiro, né? (rs!)