Em Botafogo, Hostel Contemporâneo é palco do II Festival Internacional de Circo


Com show do Mágico Patrick, Hostel Contemporâneo apimenta a festa Pomba em pleno domingo e faz jus à tradição culturalmente boemia de Botafogo.

*Por João Ker

A cada dia que passa, Botafogo vai se tornando um melhor reduto da boemia jovem carioca. E é na rua Bambina, popularmente conhecida pela já antiga e tradicional sinuca (ou pela delegacia, dependendo da procedência do indivíduo), que fica o Hostel Contemporâneo. Criado em 2012, ele vem aos poucos atraindo a atenção tanto dos moradores do bairro quanto de seus visitantes, através de festas e happenings como a Pomba, que aconteceu neste último domingo (18).

Além do tradicional som na varanda do Hostel, essa edição ainda teve um atrativo a mais: o encerramento do II Festival Internacional de Circo, com mágicas, piadas e ilusionismo de “Patrick”, nome artístico do palhaço e mágico Marcelo. Apesar da timidez numérica e humorística do público, Patrick conseguiu ganhar seu território aos poucos, indo de mesa em mesa com seus truques, para terminar com seu gran finale pirotécnico. Para Juliana Abreu, arquiteta e carioca de 26 anos presente durante o espetáculo, “a mágica não é estupenda como David Copperfield, mas ele e bem engraçado e alguns números dão bastante certo”. Para a australiana Helena Francisco, de 29 anos, hospedada no Contemporâneo para curtir as férias de viagens pela América do Sul, o show foi engraçado e diferente do que ela está acostumada a ver: “Eu não entendi muito bem o que ele estava dizendo [por causa do idioma], mas só a maneira como ele apresentava os truques já me fez rir. Eu já me hospedei em albergues que tivessem música ao vivo ou até festas de vez em quando, mas show de mágica é a primeira vez”.

Patrick – ou Marcelo, seu nome fora do palco – começou a “fazer palhaçada” aos 18 anos, quando foi expulso do quartel e se juntou ao circo. Ou pelo menos essa é a primeira versão que ele conta da história. Depois, admite que não nasceu para a carreira de militar e que, por um acaso, foi convidado a substituir o palhaço na festa de um amigo. Tomou gosto pela coisa, anos depois se juntou a outro amigo – juntos, eram “Macarrão” e “Caçarola” – e foi expandindo os negócios. Com a ajuda de um desconhecido, entrou para o seleto e restrito CBI – Círculo Brasileiro de Ilusionismo onde foi o único da turma a se formar, exercendo os truques até hoje, no auge dos seus 44 anos.

Esta é a segunda vez que Patrick participa do Festival e, durante os dez dias em que “invadiu a cidade de cultura”, ele confessa que o melhor foi poder levar seu trabalho às comunidade carentes do Santa Marta, Paciência, Morro do Borel, Complexo da Maré e várias outras: “Foi um prazer enorme, porque é algo que eles não estão acostumados, que normalmente não está acessível para eles gratuitamente. Eu me apresentei durante a semana, em dia de greve de ônibus e ainda assim quase 600 pessoas ficaram assistindo ao espetáculo. Isso é muito bom!”, relembra o mágico, empolgado com a dedicação do público de acessar o site do Festival e selecionar a programação por conta própria. Outra coisa que parece animá-lo quanto à sua participação é o intercâmbio cultural entre palhaços e mágicos de outros países: “Acaba acontecendo essa miscelânea de cultura. alguém gosta de algo que você tá fazendo e pergunta ‘ei, posso fazer também?’. Isso não é imitar, é se espelhar em alguém”.

Na próxima semana, o mágico já está com planos de viajar com seu espetáculo solo, o “Na Cartola” e de voltar à sua companhia, a Circo de Bolso. Ao sair do Hostel Contemporâneo, o público dali voltou a conversar e comer hambúrguer ao som de Ellie Goulding e Beth Ditto, devidamente tocados pelo DJ Jorge Badaue, muitos recém-chegados sem nem saber que houve algum espetáculo ali. Quanto a Botafogo, era possível atravessar a rua e encontrar um agito diferente pela sinuca ou simplesmente andar e encontrar qualquer ambiente agradável já que, mais uma vez, o bairro provou seu ecleticismo cultural.

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