Deborah Colker estreia espetáculo no Rio que une força, leveza, magia e expressão corporal: “VeRo é uma bomba. É incrível e muito surpreendente”


A coreógrafa ainda será a responsável por assinar a abertura das Olimpíadas do Rio no dia 5 de agosto. Embora tenha assinado um Contrato de Confidencialidade, que a proíbe de revelar qualquer detalhe da apresentação, Deborah nos contou como é comandar um número com mais de três mil pessoas envolvidas: “Eu não gosto de falar que é uma dificuldade. Prefiro chamar de desafio e, dessa vez, é um incrível. “

Magia, força, leveza, expressão corporal e muita dança. Esses são alguns dos ingredientes do espetáculo “VeRo”, da coreógrafa carioca Deborah Colker. O número, que estreia nesta sexta-feira no Teatro João Caetano, no centro do Rio, é a combinação de duas apresentações de sucesso da Companhia da coreógrafa: Velox (1997) e Rota (1995). “VeRo é uma bomba. É incrível e muito surpreendente. São dois espetáculos muito importantes e emblemáticos da Companhia que foram muito dançados pelo mundo inteiro e são fundamentais para dizer quem a gente é hoje em dia. Fora que são dois números que carregam até hoje princípios básicos da Companhia, como investigar e estudar a relação do movimento com o espaço. Um exemplo disso é como a gente firma na vertical em Velox com aquela parede em que nós temos que descobrir um corpo lagartixa de dançar. Já na roda, nós trazemos a poesia do movimento e o risco da delicadeza”, explicou a coreógrafa que relacionou o nome do espetáculo à verdade.

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Embora os dois espetáculos que originaram o número atual sejam de mais de 20 anos atrás, Deborah nos explicou que essa combinação só foi possível nesse momento. E os obstáculos para a montagem foram os mais básicos, como os bailarinos responsáveis por traduzir esse conceito no palco e a estrutura necessária. “Tecnicamente, no passado, a gente não conseguiria deslocar a parede. No mesmo local que fica essa estrutura sólida e pesada de 7 x 10 metros, depois, aparece a roda. Então, nós precisávamos de condições técnicas para poder fazer isso, o que não tínhamos 17 anos atrás. Outro fator muito importante são os bailarinos. No passado, a Companhia não tinha essa estrutura e suporte para o próprio espetáculo. Hoje em dia, um bailarino do nosso grupo tem e precisa passar por tudo isso. É um preparo muito especial e específico”, detalhou sobre o número que demorou cerca de um ano para ser montado.

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E por falar nesses bailarinos… VeRo, segundo Deborah Colker, ainda tem a missão de trazer o cotidiano e a nossa vivência na rua para cima dos palcos. “Os dois números gostam de suspender gestos do dia-a-dia e de mostrar as comunicações que se estabelecem nas ruas entre as pessoas. A gente brinca com tudo isso misturando com a dança abstrata”, pontuou. E, para alcançar esse objetivo, a coreógrafa apostou na mistura. O HT explica: os responsáveis por traduzir todo esse conceito nesse espetáculo único são 17 bailarinos com propostas e personalidades diferentes. “Tem um dançarino africano que dança kuduro, tem um cara do circo… A Companhia está com uma formação de como a gente era antigamente, e isso é muito bom”, completou.

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Depois de ser um sucesso em diversas cidades de São Paulo, em Florianópolis e em Curitiba, VeRo estreia no Rio de Janeiro com um gostinho ainda mais especial. Além de ser a urbe da coreógrafa e onde fica a Companhia responsável por toda essa apresentação, Deborah ainda se prepara para mais um trabalho único e inesquecível: a abertura das Olimpíadas na cidade maravilhosa. Sim, caros leitores, caberá a Deborah Colker comandar e assinar todo o espetáculo que dará início aos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul. “Estar fazendo VeRo no Rio e as Olimpíadas aqui na nossa cidade para nós que somos cariocas é só celebração. Porém, sobre a abertura, eu não posso falar nada, é segredo”, disse sobre o Critério de Confidencialidade assinado ao aceitar a missão.

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Bom, já que a coreógrafa não pode nos adiantar nada sobre o que veremos no Maracanã na noite de 5 de agosto, ela dividiu com o HT como está sendo essa experiência. Há cerca de “um ano e alguns meses”, Deborah Colker comanda e coreografa mais de três mil pessoas para o número de abertura. Entre elas, há voluntários, bailarinos profissionais, assistentes e muita, mas muita gente envolvida. Mas, se vocês acham que isso é uma dificuldade para a coreógrafa que já assinou apresentações importantíssimas como o espetáculo “Ovo”, do Cirque du Soleil, está muito enganado. Para ela, é mais um “desafio”. “Eu não gosto de falar que é uma dificuldade. Prefiro chamar de desafio e, dessa vez, é um incrível. Afinal, eu estou trabalhando com voluntários, profissionais e um número enorme de pessoas em um espaço grandão e em um evento enorme… Não é fácil, não”, confessou.

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Mas, engana-se também quem pensa que esse número grandioso é o responsável por tirar o sono da carioca. Acostumada a trabalhar em apresentações memoráveis, Deborah nos contou que convive bem com esse clima de pressão. “Lógico que o fato de eu ser carioca é uma responsa e um comprometimento maior para mim. A gente vai fazer uma Olimpíada em que a cidade do Rio de Janeiro foi a escolhida para esse evento. Então, a gente quer falar da maneira mais linda, verdadeira e autêntica de quem nós somos. E essa é uma oportunidade muito bacana para isso. Eu não tenho muito medo de agradar ou não, não caminho muito por aí. Eu sou uma artista, então já estou acostumada com esse sentimento. O meu medo é de saber se vou conseguir dizer da maneira que eu quero toda a minha ideia. Eu desejo que o resultado traduza o que eu estou sonhando, porque, se eu tiver esse medo, eu estou ferrada”, argumentou.

Espetáculo "VeRo", de Deborah Colker (Foto: Divulgação)

Espetáculo “VeRo”, de Deborah Colker (Foto: Divulgação)

Brilhantismo à parte, Deborah Colker nos contou como é expressar a cultura e se manifestar através do corpo e da dança em tempos de crise. Afinal, ao seu lado, a coreógrafa não tem as palavras, que, muitas vezes, são a fonte de tanta confusão. “Não é mais fácil, é diferente. A gente tem que construir uma ideia através do seu corpo e estabelecer uma comunicação através dele. A gente expressa alegria, tristeza, poesia, energia e conta histórias através do nosso movimento. Já através da palavra, tem toda a escolha, a entonação, a interpretação daquilo”, opinou a coreógrava Deborah Colker.

Deborah Colker, coreógrafa carioca (Foto: Reprodução)

Deborah Colker, coreógrafa carioca (Foto: Reprodução)

Serviço: 

VeRo –  22/07 a 4/09 

Duração: 103 minutos (com intervalo) 

Classificação: livre 

Horários: quintas, sextas e sábados, às 21h; domingos, às 18h 

Local: Teatro Caetano – Praça Tiradentes, s/n; Centro, Rio de Janeiro – RJ (CEP: 20060-070); lotação: 1139 lugares

Ingressos:

Plateia ou Balcão Nobre: R$40 (inteira) | R$20 (meia-entrada)
Balcão Simples: R$25 (inteira) | R$12,50 (meia-entrada)

Vendas na bilheteria do Teatro João Caetano (diariamente das 14h às 18h ou até o horário do espetáculo) e no site ingresso.com