Com casa cheia, Débora Falabella estreia “Contrações” e comove o público de estrelas da tevê!


Enquanto a atriz toca bateria e vomita no palco, Adriana Esteves chama a atenção dos presentes e fala sobre os novos projetos para 2015!

*Por João Ker

Nesta última quarta-feira (14/5), o Centro Cultural Banco do Brasil sacudiu com a estreia carioca da peça “Contrações”, estrelada por Débora Falabella e Yara de Novaes. Depois da elogiada performance, as amigas de longa data e parceiras na companhia de teatro Grupo 3 receberam um time estelar de amigos e colegas de trabalho que foram prestigiar a première do espetáculo – que, mesmo tendo acontecido simultaneamente à 25ª edição do Prêmio da Música Brasileira (que HT também cobriu aqui), bombou. Assim, grande parte do elenco que trabalhou com Débora na saudosíssima “Avenida Brasil” (não, o público ainda não desapegou) estava lá: Adriana Esteves com o marido Vladimir Brichta, Letícia Isnard e, claro, Murilo Benício.

O texto é uma adaptação de “Contractions” (que, por sua vez, é uma adaptação da peça radiofônica “Love Contract”), do badalado autor britânico Mike Bartlett, e foi escolhido a dedo pelos integrantes do Grupo 3 para dar seguimento coerente aos outros trabalhos que versam sobre as “relações de controle”, a linha de ação da companhia teatral nestes últimos oito anos. Dessa vez, a tal relação é levada de maneira mais politizada para o âmbito profissional e se dá através de Emma (Falabella) e a maneira com que ela é vigiada, controlada e pessoalmente invadida por sua gerente (Novaes).

A direção de Grace Passô faz com que o texto flua de maneira visceral nas interpretações brilhantes das duas atrizes. A montagem e a iluminação desempenham um papel fundamental na hora de o público perceber as nuances de como Emma fica constantemente coagida pela figura da gerente. O cenário é um escritório com janelas sem vidro e um ar condicionado que parece transmitir o frio crescente, tanto do interior daquele espaço quanto no inverno pessoal dos personagens, que vai se esvaziando a cada nova exigência da tal gerente. Na voz e no corpo de Débora, Emma passa por estados de espírito que vão da alegria e empolgação, até a completa destruição interior e melancolia, descambando para a triste realidade de um ser humano miserável e decadente. Mesmo para quem já viu a atriz se arriscando em papeis mais complexos, algo em Emma faz com que sua atuação seja quase gutural, à medida em que ela toca de maneira enfurecida uma bateria, literalmente vomitando emoções no palco. No contrabalanço dessa energia, Yara confere uma autoridade implacável à sua personagem, com um cinismo intragável e a capacidade de tornar graciosos seus poucos momentos de explosão emocional. É um duelo de titãs que termina com duas vencedoras.

No fim da apresentação, a satisfação do público foi unânime. “A peça é incrível. Já é a quarta vez que eu vejo, então eu sou suspeito para falar. Mas o trabalho da Yara também está sensacional, muito legal”, comenta Murilo Benício, que assistiu à peça sentado na beira do banco e seguiu na direção do olhar de Débora quando as luzes se acenderam no final. Suely Franco, animadíssima mesmo antes de o espetáculo começar, diz que fica encantada com o resultado: “A Débora tocando aquela bateria passou uma emoção fortíssima! Eu sou muito fã dela, tudo o que ela faz eu vejo e adoro!”

No ar por conta de sua participação na novela “Em Família”, Maria Della Costa saiu direto do PROJAC para conferir a estreia: “Foi uma das coisas mais impactantes e originais que eu vi nos últimos anos. Elas estão de parabéns”, afirmou. A atriz ainda confessa sobre a resposta do público em relação à novela de Manoel Carlos que, dizem, não tem alcançado o IBOPE esperado: “Eles foram meio reticentes no início, mas eu acho que foi culpa daquela coisa do tempo, de entender quem eram os personagens. O nosso núcleo do asilo tem uma tônica diferente, as pessoas gostam muito”. Talvez o desgosto do público esteja no fato de que a mãe da protagonista parece mais sua irmã, quem sabe?

Perto dali, a estrela involuntária do evento, Adriana Esteves, sai da sala um tanto abalada com o resultado: “Eu e a Débora somos amigas, então eu sei dessa peça já há algum tempo e tinha noção de que era algo forte, mas eu não tinha ideia de que o resultado fosse ficar assim. Eu estou encantada! A montagem, a atuação das duas – a Débora é uma grande atriz e muito experiente. É um grande espetáculo”. Adriana, tal qual “Avenida Brasil”, tem deixado o público com saudades. Após a inesquecível Carminha, a atriz deu uma pausa momentânea na telinha, mas já se prepara para o seu retorno triunfal na telona. Para 2015, ela lança, ao lado de Vladmir, o romance “Beleza”, dirigido pelo premiado Jorge Furtado (responsável pela série “Doce de Mãe” e os filmes “Saneamento Básico” e “O Homem Que Copiava”, entre outras produções). Enquanto isso, a atriz termina em São Paulo as gravações de outro longa-metragem também para o ano que vem: “Mundo Cão”, ao lado de Lázaro Ramos e dirigido por Marcos Jorge, o mesmo do elogiadíssimo “Estômago”.

As duas damas da noite contam que também ficaram felizes com o resultado. Yara de Novaes, que também é diretora, considera que essa peça tem um tom mais incisivo do que as outras: “Nós sempre trabalhamos essas relações de subjugação, mas dessa vez o teor vai um pouco além. E é ótimo ter a Débora comigo no palco. Nós nos conhecemos desde que ela tinha 13 anos. Minha personagem pode até ter alguns parentes próximos, mas ela vem de um universo todo próprio. A direção da Grace me ajudou bastante nesse sentido, e as imagens de como seria essa mulher ficaram muito vívidas na minha cabeça”.

Débora Falabella, que volta à televisão no segundo semestre pela nova série de Glória Perez, “Dupla Identidade”, confessa que está mais a vontade nessa produção por estar trabalhando com a sua própria companhia: “Apresentar em Belo Horizonte é sempre bom porque é o reduto onde eu cresci. Eu costumava passar pela Praça da Liberdade todos os dias indo para a aula. Mas o Rio é o lugar onde eu sempre gravo, então tinha essa expectativa de trazer a peça para cá. Quando a gente faz esse tipo de trabalho e gosta tanto do resultado, o objetivo é sempre mostrar para o máximo de público que conseguirmos”, alega. E completa: “Essa peça é especial por ser mais forte que as anteriores, mas ainda assim pode ser verídica. A gente vê cada coisa que acontece no ambiente de trabalho que chega a ser chocante”. Bom, chocante e – mais que isso, impressionante – assim como o talento que a atriz mostrou no palco. “Contrações” fica em cartaz até 13 de julho e, sim, vai estar em cartaz até durante a Copa.

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Fotos: Zeca Santos