Cirurgião plástico de renome, Dr. Gabriel Basílio fala sobre uma de suas especialidades: tratamento, protocolo e segmento das crianças que nascem com lábio leporino e fenda palatina


Cirurgião plástico com subespecialização em operações craniofaciais, o capixaba de coração carioca trilha um caminho baseado no lado humano da Medicina. No consultório, na sala de cirurgia ou nas salas de aula da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde se especializou e hoje divide seus conhecimentos com os residentes da instituição, dr. Gabriel acredita em uma profissão que atenda a estética como também o trabalho de reconstrução. Por isso, além dos procedimentos em prol do belo, ele também se dedica a cirurgias como as operações de lábio leporino e fenda palatina, suas paixões da profissão.

*Por Dr. Gabriel Basílio

(Foto: Sergio Baia)

Hoje em dia, o diagnóstico do lábio leporino pode ser feito ainda na gestação, já que se consegue ver através do ultrassom como as crianças vão nascer. Isso é muito importante para preparar os pais e a família. Para que possam ter um aconselhamento quanto aos cuidados e quanto à genética. Isso pode ser feito desde a vida intrauterina, o que facilita muito.

Quando a criança com lábio leporino nasce, é importante o médico especializado em cirurgia craniofacial fazer uma visita na maternidade. Muitas dessas maternidades já estão preparadas para crianças que nascem com essas deformidades. Com isso, podem ajudar as mães na alimentação e na respiração. Na verdade, essas crianças conseguem se adaptar de uma maneira muito satisfatória a todas as funções essenciais com algumas ajudas. Nestes casos, tenho trabalhando comigo uma equipe com ortodontistas e fonoaudiólogos que podem começar a preparar a forma de amamentação, alimentação, respiração e a acomodação com algum tipo de órtese (apoio ou dispositivo externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuro músculo-esquelético para obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica) para facilitar a cirurgia chamada “ortopedia maxilar” e que é feita por uma ortodontista da minha equipe, preparando para a primeira cirurgia, que é feita entre três e seis meses de vida, que é a cirurgia do lábio.

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É muito importante alguns critérios clínicos. Operamos o bebê quando ele já tem possibilidade de passar bem por essa cirurgia e depois continuamos acompanhando essa criança com fonoaudiólogo e fisioterapia para melhorar a cicatriz e ter uma recuperação melhor possível, para ganhar peso e ter um bom acompanhamento do pediatra. Por volta de 1 ano de idade é possível operar o palato (céu da boca). Existem algumas técnicas e usamos a que será melhor para a criança, pois o que é muito importante nessa cirurgia é o reposicionamento da musculatura do céu da boca na parte mole, lá atrás, onde está a úvula (processo cônico pendente da borda do palato), onde estão os músculos que fecham o nariz da boca para permitir que a criança possa desenvolver uma boa fala, uma boa alimentação e poder interagir de forma harmônica com a sociedade.

Depois dessa fase de um ano, um ano e meio, vamos acompanhando a criança semestralmente até ela ter entre seis, sete anos, quando começa a mudança dos dentes. A chegada do canino do lado da fenda, do lado onde não tem o ossinho onde nasce o dente, vai começar a nascer, e como ele não tem espaço para nascer (porque não tem osso), será necessária uma cirurgia que é um enxerto ósseo alveolar (o alvéolo é onde o dente nasce). Tira-se um pedacinho de osso, faz-se um enxerto do osso da bacia, do quadril e coloca nessa região. Mas tudo esse processo precisa de um preparo com um dentista e com aparelho. Assim é permitido que o canino tenha um espaço dentro do osso para nascer adequadamente. Com isso terá uma boa oclusão dentária, que é a mordida.

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Essa cirurgia do enxerto ósseo alveolar acontece por volta de 7 a 9 anos de idade, e sempre acompanhado com radiografias e tomografias. Existem outras possibilidades, uma delas muito moderna, que é uma proteína recombinante que poderá vir a substituir um enxerto ósseo. É um produto novo, que está em fase final de aprovação para ser usado em humanos e que estamos vendo com muita esperança. Existem muitos trabalhos sendo feitos em genética molecular através de células tronco de raízes dentárias com grupos de estudiosos em São Paulo.

Depois da primeira cirurgia esperamos o paciente ter entre 15 e 16 anos para avaliarmos e sabermos se aquele paciente vai precisar de uma cirurgia complementar, seja ela apenas uma rinoplastia (a rinoplastia juntamente com a cirurgia do lábio dos 3 aos 6 meses, também poderá ser feita de maneira bem delicada e bem primária) e finalizada quando o crescimento facial estará mais completo. É nessa idade também, adultos jovens, que fazemos a cirurgia ortognática (cirurgia que mexe com os ossos da face, a maxilo e a mandíbula, corrigindo alguma alteração do crescimento facial que possa ter acontecido no desenvolvimento da criança). Isso vai ajudar na mordida, na fala e na beleza, complementando o tratamento das crianças que nascem com uma fissura lábio palatina. É um tratamento, um protocolo mais ou menos parecido em todo o mundo. Existem centros de pesquisa e protocolos que juntam vários centros que tentam estipular o melhor tratamento. Aqui no Brasil, tentamos seguir os mais modernos do mundo.

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A qualidade do cirurgião plástico brasileiro craniofacial e de fissura lábio palatina já é muito reconhecida no mundo. Existem vários centros no país, nas principais cidades, mas precisamos de um esforço ainda maior do Ministério da Saúde e do governo federal para podermos ter uma implementação mais fundamentada e acesso às tecnologias que muitas vezes falta. Na maioria das vezes, nós conseguimos suprir essas necessidades por conta do alto nível dos nossos profissionais que não são somente os cirurgiões. Os centros tem toda uma equipe interdisciplinar com: dentistas que são ortodontistas, buco maxilo faciais, protesistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapia ocupacional, neuro pediatras, pediatras e nutricionistas. Toda essa equipe é que permite o melhor tratamento nos centros especializados desses pacientes. O que queremos é que esses pacientes tenham uma maior readaptação e reabilitação da fala, da comunicação e alimentação. Isso para nós, é muito importante.

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