Cauã Reymond é do tipo inquieto. Ator que gosta de se reinventar e descobrir novos personagens e histórias, não aguentou ficar na posição passiva de esperar bons papéis caírem em suas mãos e, desde então, resolveu abrir sua “Sereno Filmes”, fruto de uma parceria com Mário Canivello, para produzir projetos em que acredite. Sucesso na pele do mocinho justiceiro Juliano, em “A regra do jogo”, ele já pensa nos próximos passos. Não sem, claro, trilhar com cuidado cada um deles. Prova disso é o seu filme “Alemão” – em que atuou como ator e produtor, que, de tanta repercussão, virou minissérie de quatro capítulos na Rede Globo.
“Vem acontecendo muito com filmes brasileiros que vão bem no cinema. Acabamos tendo uma relação mais próxima com a GloboFilmes. No caso do ‘Alemão’, fui produtor associado. Pensar em desdobrar isso em uma minissérie, tendo uma boa relação com essa audiência me deixa muito feliz. Tivemos um Ibope maravilhoso e achei muito bacana da forma como foi editado, junto com uma reportagem da Globo que ganhou o Emmy. Acho que foi uma sacada bacana do Guel Arraes, do José Alvarenga Jr. e do (José Eduardo) Belmonte, nosso diretor”, disse ele, referindo-se à cobertura da invasão do complexo, feita pela equipe de jornalismo da emissora em 2010.
Ele, que se preparou com direito a laboratório com pessoas envolvidas no tráfico, contou que esse contato foi essencial e comparou a experiência a de “O caçador”, em que esteve com policiais. “Para ‘Alemão’ eu fui em algumas comunidades, conversei com gente que teve envolvimento com o tráfico, da mesma forma que quando eu fiz ‘O caçador’, conversei com policiais. Ambos foram momentos muito ricos, porque, de certa formam pude ouvir os dois pontos de vista, principalmente de uma situação aqui do Rio, da nossa relação com o tráfico de drogas”, explicou.
Estreando nas telonas com “Reza a lenda”, em que vive o líder do grupo de motoqueiros que sai em busca de uma santa capaz de fazer chover no sertão, Cauã acredita veementemente no sucesso: ele assina, novamente, a coprodução do longa. Ainda assim, não cria expectativas maiores do que o normal. “Sempre esperamos que nosso filme seja bem recebido. Sempre torço pela indústria cinematográfica brasileira”, declarou. Ele, que já tomou gosto por outro lado das câmeras, não pretende parar tão cedo, embora saiba: é difícil captar recursos no país. “Se produzir é mais caro. É dificílimo levantar dinheiro. Já é um movimento antigo, que no teatro existe há muitos anos. É natural que pessoas com um nível maior de inquietação queiram participar dessa forma. Tem atores que participam em um projeto só. Eu cada vez vejo isso de forma mais natural, atualmente estou produzindo ‘Dom Pedro I’ com a Laís Bodanzky e é um caminho que vou traçar e que vai participar cada vez mais da minha história”, garantiu.
Aliás, “Dom Pedro I” é só para 2017, mas a expectativa de viver um personagem histórico já é grande. “Vou ser o Dom Pedro. Ter a possibilidade de contar a história, que é muito mais conhecida pelos portugueses do que pelos brasileiros, é incrível”, contou. Se a produção já fisgou o coração do ator, será que, em breve, veremos Cauã ocupando outros cargos dentro de um filme? “Quem sabe em um futuro mais distante? Nunca dirigi, penso nisso mais para frente. Mas para dirigir tem que ser um assunto que eu domine muito e queira muito contar a história, que ainda não caiu no meu colo. Não imagino que história seria essa. Acho que ser produtor me deu um olhar mais amplo e consigo olhar todos os departamentos de dentro de um filme, mas ainda me sinto engatinhando. A cada filme que vou ajudando vou me sentindo cada vez mais ativo e capaz”, analisou. Talento na frente e atrás das câmeras.
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