“Campo Grande”, o novo filme da diretora Sandra Kogut, conta a história de duas crianças órfãs na cidade do Rio. Fomos conferir a pré-estreia que rolou ontem no Rio, vem!


Em entrevista ao HT, Sandra contou que prefere escolher atores que se identifiquem com os personagens da trama. “Eu não procuro interpretação, e sim que o ator seja aquele papel de verdade”

A história de duas crianças órfãs que aparecem na casa de uma desconhecida para serem criadas por ela é o enredo do filme “Campo Grande”, da diretora Sandra Kogut. Em entrevista ao HT na pré-estreia ontem no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo, Zona Sul carioca, Sandra disse que criou essa história a partir de relatos ouvidos em orfanatos da cidade depois da última experiência nas telonas. “Eu estava fazendo o Mutum’, meu filme anterior, que tinha uma cena em que a mãe dava o filho dela para um desconhecido na esperança de estar proporcionando à criança uma vida melhor. A partir daí, eu fui ver como é complexo entender isso por dentro e fiquei super interessada. Quando o “Mutum” acabou, eu fui colher histórias que deram origem ao filme ‘Campo Grande’. Eu ficava curiosa para descobrir o que acontecia com essas crianças depois que elas eram deixadas. E foi assim que começou”, relembrou.

A pre-estreia do filme "Campo Grande" ocorreu ontem, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

A pre-estreia do filme “Campo Grande” ocorreu ontem, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

O filme, que demorou cerca de quatro anos para ficar pronto, tem no elenco as atrizes Carla Ribas e Julia Bernat, os pequenos Ygor Manoel e Rayane do Amaral, e, segundo a diretora, a escolha dos atores foi pela relação que cada um tinha com o respectivo personagem. “Eu não procuro interpretação, e sim que o ator seja aquele papel de verdade. Eu gosto que nos meus filmes as pessoas se encontrem com os personagens que estão interpretando”, explicou. E, com as crianças, essa seleção é mais específica. Sandra nos contou que prefere meninos e meninas que não sejam atores profissionais, para, justamente, explorar “a emoção crua e em estado bruto” dos pequenos nessa fase da vida. De acordo com ela, a empatia com Ygor, hoje com 12 anos, e Rayane, de 9,  foi logo no primeiro teste.

Rayane do Amaral e Ygor Manoel (Foto: AgNews)

Rayane do Amaral e Ygor Manoel (Foto: AgNews)

Do outro lado, as crianças eram só animação durante o lançamento do primeiro trabalho. Ygor, que nunca tinha pensado em ser ator antes de fazer o teste para o filme, disse ao HT que sua relação com a arte era outra. “Foi inesperado. Eu só pensava em dançar, que era o que eu mais fazia até a minha tia Patrícia me indicar para o teste que me fez chegar até aqui”, disse Ygor que faz jazz, ballet e street dance. Já Rayane, sempre teve o sonho de ser atriz. “Eu sempre quis ser atriz, e depois de ter sido indicada, eu fui passando nos testes e acabei chegando ao lugar que estou. Foi uma experiência bem surreal que eu nunca tinha feito e que surgiu do nada. Entre 100 pessoas, só eu e Ygor que passamos. Eu dei o meu melhor e espero que todos gostem”, falou a pequena atriz.

Embora a trama do longa de Sandra Kogut gire em torno das crianças órfãs, a diretora explicou que não há um protagonista fixo o filme todo. “Nesse trabalho, cada personagem tem sua importância, são vários protagonistas. Ao longo do filme, vai mudando o ponto de vista e acompanhando a história de um lugar diferente. E eu achei que isso era importante para a história, para que não ficasse o tempo todo com uma única visão”, afirmou.

Sandra Kogut, diretora do longa, e os atores mirins (Foto: AgNews)

Sandra Kogut, diretora do longa, e os atores mirins (Foto: AgNews)

Outro ponto importante para ajudar a contar a história de “Campo Grande” foi a cidade do Rio de Janeiro como pano de fundo. O que poderia ser um problema para a diretora, transformou-se em mais um personagem. O HT explica: para receber as Olimpíadas esse ano, em agosto, cidade está um verdadeiro canteiro de obras. Por todos os cantos da cidade, há transformações o tempo todo, o que atrapalhava o desenrolar do longa. “Foi um desafio interessante. Geralmente em cinema, por ser algo grandioso e caro, você tenta planejar o máximo possível. Mas, na verdade, a gente tinha uma situação que era impossível. Nos planejávamos algo e na semana seguinte aquele lugar já estava diferente ou nem existia mais. Mas isso, de uma certa maneira, virou a nossa linguagem. Ao invés de lutarmos contra, nós resolvemos trabalhar com esse fato, já que esse momento de mudanças também faz parte do filme. Foi uma aventura trabalhar desse jeito, mas acho que foi bom para o trabalho”, afirmou Sandra Kogut. Isso sim é fazer do limão uma limonada, hein?