Caetano Veloso e uma turma de artistas faz show no edifício Capanema, ocupado por manifestantes que querem a saída de Temer: “O MinC é nosso”


Os músicos Erasmo Carlos e Seu Jorge e os políticos Jean Wyllys, Marcelo Freixo, Lindberg Farias e Jandira Feghali dividiram o palco com Caetano na noite desta sexta-feira

Em mais uma noite de shows no edifício Gustavo Capanema, ocupado desde segunda-feira (16) por manifestantes que pedem a saída de Michel Temer da Presidência da República, nesta sexta-feira, a estrela foi Caetano Veloso. Para um público que lotou os pilotis, os jardins e o entorno do prédio, o músico baiano cantou sucessos da carreira como “Menino do Rio“, “A Luz de Tieta“, “Tropicália” e “Odara“. Durante a apresentação, Caetano defendeu: “O MinC é nosso. É uma conquista do Estado brasileiro, e não de nenhum governo”. Apesar de não ter potencializado o coro de “Fora Temer”, constante nos últimos dias de ocupação, Caetano gesticulou em apoio aos gritos. O artista também elogiou a criatividade da plateia ao criar uma nova versão para “A Luz de Tieta”. Na noite passada, “é a lua, é o sol, é a luz de Tieta” deu lugar a “o Eduardo Cunha quer controlar minha buc&t@”. (Confira no vídeo)

No palco, o músico baiano dividiu os microfones com os artistas Seu Jorge e Erasmo Carlos. Além dos convidados da música, Caetano também recebeu os políticos Jean Wyllys, Marcelo Freixo, Lindberg Farias e Jandira Feghali. O deputado estadual pelo PSOL – RJ Jean Wyllys, sob gritos de “me representa”, defendeu a ideia de que seja necessário fortalecer o sentido de união entre as diferentes lutas. “É importante lembrar que essa defesa não é só pela política cultural. E, sim, por tudo o que ela pode produzir em termos de identificação e respeito às diferenças. Eu acho que do nosso lado, a gente tem a diversidade cultural e a infinidade de identidades como gays, lésbicas, transexuais, negros, brancos, periferia, funk e hip hop. Eles vão tentar de todo jeito desqualificar a nossa luta. Mas nós temos que restabelecer a ordem democrática, devolver a soberania ao povo e derrubar essa cleptocracia que tomou conta da presidência da república. Eu quero lembrar que enquanto houver saliva, a cidade inteira tem armas,” afirmou Jean Wyllys.

Já Lindberg Farias, senador pelo PT – RJ disse em entrevista ao HT que a ocupação do edifício Gustavo Capanema entrará para a história como  deflagadora de um processo com a mobilização do povo. ” Eu acho que isso é só o começo de um grande movimento de massas pela saída do Michel Temer. Ele não tem legitimidade. As pessoas que estão nessa ocupação estão fazendo história. O programa que está por trás desse governo é o maior antitrabalhista da história do pais. Eles querem acabar com o legado do Lula, do Ulysses Guimarães e até de Getúlio Vargas rasgando a CLT. Por isso que é um golpe, porque eles sabem que um programa como esse nunca ganharia eleição. Na minha opinião, o único jeito de reverter  é através da mobilização popular. E essa adesão dos artistas vai ter um papel estratégico para levantar outros trabalhadores e o povo brasileiro em geral”, argumentou Lindberg.

Entre os manifestantes que animaram a noite de ontem, estava a atriz Eliane Giardini, no ar em “Êta Mundo Bom!” (Rede Globo). Ao HT, a artista disse que a adesão da classe artística ao movimento é pelo histórico de representatividade que tiveram ao longo do governo de esquerda. “Nesse momento grave, é natural que a classe se reúna, principalmente por essa insensibilidade extrema de desativar o MinC sem nenhuma razão a não ser retaliação. É o penúltimo orçamento da União, é algo baratíssimo para esse governo. É obvio que é uma tentativa de dar o troco nesses artistas que, por tanto tempo, estiveram ao lado do governo da Dilma e do Lula. Eu tenho críticas severas, é claro, à gestão do PT. Mas o que está em jogo agora é a democracia. A gente não pode aceitar isso que aconteceu através de uma canetada e de brechas da lei. É muito difícil”, afirmou a atriz ao HT.