*Por Kika Gama Lobo
Que me conhece sabe que tenho um lado B. Brega, aBusado, aBundante. Nasci em Copa, jovem nos anos 80, minha avó tinha apelido de Dercy, uso roupas extravagantes, não sou básica. E por isso preciso fazer um agradecimento à diva pop americana Katy Perry. Simplesmente adoro a Gretchen. O viral que se tornou a música Swish Swish, com participação da também bunduda Nicki Minaj traz de volta o talento desabado, cafona, vulgar e brazuca da guerreira Maria Odete Miranda. Dancei muito no espelho a Melô do Piripipi (1979) e Do you like Boom Boom?, sempre com a calça apertada, sapato alto e uma camiseta enrolada na barriga. E jogava o cabelo pra frente e pra trás num transe de Chacrete, como uma ninfeta piranhesca. Mas em meio àqueles gritinhos e histeria do balanço da bunda e vulva, eu sempre vi uma mulher batalhadora na já madura Gretchen. Ela se casou mil vezes, teve zil filhos (um deles até mudou de sexo), posou nua, atuou em pornochanchada, escreveu um livro, flertou com a política, fez plásticas que a deixaram transfigurada, nunca mudou seu estilo zona norte, mas lá dentro, no tal íntimo, imaginava uma mulher religiosa, dedicada à família, querendo acertar. E hoje, eu também contemporânea à ela ( tenho 52 e ela 57) penso nesse ressurgimento impressionante através de um impulso gigantesco dado pela musa La Perry. Que ironia, né? Condenada ao ostracismo, lembrada apenas pelos mais velhos, virou musa dos memes e gifs além de ter sido o trending topic no Twitter dias atrás. E confesso aqui pra vocês: meu sonho no meu niver de 50 anos era ter a musa cantando na minha festa. Quem sabe aos 60? Gretchen, tiadoro
Gretchen nos anos 80
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