“Apolônias do Bem”: Fábio Bibancos e a ONG Turma do Bem ampliam os tratamentos odontológicos às mulheres vítimas de violência, inclusive às transgêneros: “O objetivo não é discutir a sexualidade”


Para expandir o número de mulheres atendidas no projeto, a organização uniu forças à Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário de São Paulo. Integrante da Comesp, a juiza Maria Domitilia Manssur ressaltou quem são as beneficiadas: “Nós não podemos achar que mulher é somente aquela do sentido biológico. Elas são todas as pessoas que se sentem femininas e que, por essas condições, foram agredidas”

O sorriso é a expressão mais verdadeira da felicidade de uma pessoa. Quando essa marca da alegria não está devidamente estampada no rosto de alguém é que algo está muito errado. Com a intenção de ampliar a felicidade Brasil afora, a ONG Turma do Bem, presidida pelo cirurgião-dentista Fábio Bibancos, expandiu a gama dos seus pacientes atendidos. Hoje, entre os quase 70 mil beneficiados com tratamentos odontológicos pela ONG, estão os jovens de 11 a 17 anos e as mulheres vítimas de violência. Este ano, pela primeira vez, três pacientes transgêneros integraram os atendimentos do projeto “Apolônias do Bem”. Sobre essa iniciativa honrosa e emocionante criada por Fábio Bibancos e sua equipe de voluntários, que teve o resultado do último ano apresentado no Sorriso do Bem na última semana em Poços de Caldas, o presidente da organização ressaltou que, para a odontologia, não importa como a violentada nasceu. A missão da Turma do Bem é de devolver o sorriso às mulheres.

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“Para mim, só me interessa a saúde global dela, que inclui problemas cardíacos e diabetes, por exemplo, e não como ela se apresenta ou como ela nasceu biologicamente. O nosso objetivo não é discutir a questão da sexualidade. Eu trato de mulheres que foram vítimas de violência doméstica. Se essa pessoa está nessa condição e se apresenta como uma mulher, eu vejo como violência de gênero, seja trans ou cis. Não importa os motivos e nem a orientação sexual, ela apanhou porque é mulher”, argumentou Fábio Bibancos que reforçou a importância de cuidar destas pacientes. “Mulheres trans são o retrato da exclusão no Brasil. São vítimas de todos os tipos de violência, seja física, psicológica ou de gênero. Com o ‘Apolônias do Bem’, nós buscamos apagar as marcas físicas, devolver o sorriso, a mastigação, a autoestima, numa tentativa de diminuir as profundas marcas invisíveis que elas carregam”, reforçou.

*Confira no decorrer da matéria os relatos de sete mulheres vítimas de violência que tiveram os sorrisos devolvidos graças ao projeto “Apolônias do Bem”

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E a particularidade e importância deste projeto está presente desde o nome escolhido. Apesar de não ter qualquer intenção religiosa na nomenclatura “Apolônias do Bem”, o presidente da Turma do Bem contou que esta é uma referência a um exemplo de mulher violentada. “O nome foi dado em homenagem à santa dos dentistas, que foi torturada até a morte e teve os dentes arrancados. Quando estávamos discutindo como batizaríamos o projeto para as mulheres vítimas de violência, nós falamos da Santa Apolônia, apesar de não haver nenhuma ligação com religião. Nós traçamos esse paralelo porque as mulheres que atendemos hoje na Turma do Bem também são de vítimas que perderam os dentes em torturas”, contou.

Ciente da grandiosidade e da responsabilidade de todos os dentistas voluntários da Turma do Bem que, desde a criação da “Apolônias do Bem” já atenderam mais de 750 mulheres, Fábio Bibancos coleciona relatos emocionantes. Mais uma vez, o dentista, que acredita em uma odontologia mais humanizada que prioriza o atendimento respeitoso e carinhoso, teve uma comprovação da importância de um sorriso feliz na vida de uma pessoa.

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“Nós temos histórias terríveis de mulheres pobres e de classe média que sofrem violência física primeiro, depois têm seus bens surrupiados e, por fim, acaba perdendo a dignidade por completo. Quando conversamos com essas personagens, o primeiro pedido que elas nos fazem é para consertarmos os dentes delas para que elas possam voltar a usar batom”, lembrou emocionado.

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Para conseguir ampliar e abraçar mais mulheres, o projeto “Apolônias do Bem”, que tem apoio da ONU Mulher, uniu forças com a Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário de São Paulo (Comesp). A parceria consiste no encaminhamento de mulheres do projeto Fênix, que é voltado para a recuperação de vítimas de agressões físicas ou psicológicas por situações de gênero, para os atendimentos odontológicos na Turma do Bem. Integrante e peça fundamental nesta luta coletiva contra a discriminação e a violência, a juíza Maria Domitilia Manssur, que integra o Comesp, destacou que, assim como Fábio Bibancos já havia afirmado, o atendimento é expansivo a todas que se sentem e se apresentam como mulheres.

“A vítimas de violência pela Lei Maria da Penha é a mulher. No entanto, não são só aquelas que nascem nesta condição. São todas aquelas que são agredidas por se apresentarem e estarem na posição de mulher. E isso é muito importante que a sociedade entenda porque é uma evolução de pensamento e de solidariedade. Nós não podemos achar que mulher é somente aquela do sentido biológico. Elas são todas as pessoas que se sentem femininas e que, por essas condições, foram agredidas”, alertou a juíza sobre o programa da Turma do Bem que hoje já atende mulheres do Brasil inteiro.

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Exemplos de pacientes que tiveram a dignidade e a alegria devolvidas graças ao projeto “Apolônias do Bem”, da ONG Turma do Bem, estão sete mulheres que tiveram seus relatos documentados em vídeos para a Instituição. Em depoimentos emocionantes que nos mostram a realidade dura que muitas vezes escondemos na sociedade, as pacientes do projeto da ONG justificam a ideia de que o sorriso é muito mais do que apenas dentes lado a lado.

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Uma dessas mulheres assistidas pelo “Apolônias do Bem” é Beralice, que era agredida pelo marido. “Não poder cuidar de mim e dos meus dentes me afetava muito porque eu acredito que a saúde vem da boca. Eu gosto de mim e da minha pessoa. Mas, quando eu abro a boca, não sou eu. O meu sonho era poder tirar uma foto sorrindo”, declarou a violentada que foi uma das mulheres que recebeu tratamento da ONG.

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Além de toda a proposta inicial do Dr. Fábio Bibancos e da parceria fundamental do Comesp, outras ferramentas foram essenciais para que a alegria fosse devolvida a essas 750 mulheres através do sorriso. Os dentistas voluntários da Turma do Bem representaram a tradução deste desejo para uma realidade possível. Uma destas profissionais que acreditam e valorizam o sorriso do próximo é a Dra. Fátima Araújo. Segundo ela, além de todos os incentivos externos para fazer essa mulher vítima de violência se sentir parte da sociedade novamente, a saúde bucal é indispensável. “O resultado de todas as agressões que essas mulheres sofreram fica estampado no rosto dela. Essa vítima pode ter tido auxílios jurídicos e cursos para ter uma nova profissão, por exemplo. Mas nada disso recuperou os danos estampados no rosto dela”, afirmou.

Sobre a Turma do Bem

A Turma do Bem (www.turmadobem.org.br) é a maior rede de voluntariado especializado do mundo, com 16 mil dentistas atuando em 14 países. Oferece atendimento odontológico gratuito à população de baixa renda em condição de vulnerabilidade social e com graves problemas bucais: jovens de 11 a 17 anos e mulheres vítimas de violência doméstica. Em 14 anos, impactou 68 mil jovens e 600 mulheres. Tem um modelo inovador de gestão, baseado no voluntariado, caracterizado pela fácil replicabilidade e pelo baixo custo para a organização. Por seus projetos, a ONG ganhou o prêmio Empreendedor Social da Schwab Foundation, tornou-se fellow da Ashoka, foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas e escolhida pela fundação filantrópica Epic Foundation para integrar o primeiro portfólio de instituições que investem em alto impacto social. Os mantenedores da Turma do Bem são Oral-B, Amil Linha Dental, Surya Dental e Heraeus Kulzer.

*Fábio Bibancos é cirurgião-dentista especialista em Odontopediatria, Ortodontia e Mestre em Saúde Coletiva, formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com consultório em São Paulo e no Rio de Janeiro, Fábio é autor de “Um sorriso feliz para seu filho” (CLA Editora),  “A Guerra dos Mutans”, “Boca!” e “Sorrisos do Brasil”, além de já ter sido eleito Empreendedor Social 2006 pela Schwab Foundation (ligada ao Fórum Econômico Mundial de Davos) e integrante do Fellow Ashoka (uma rede de empreendedores sociais presente em 65 países). Além de assinar uma coluna semanal neste espaço, está à frente do projeto Turma do Bem, a maior rede de voluntariado especializado do mundo: o dentistas do bem.

Acompanhe aqui as postagens de Fábio Bibancos: https://www.facebook.com/institutobibancos/