Tudo sobre a Fundação Prada, centro cultural recém-inaugurado em Milão, que reúne acervo de arte dos donos da marca, e que está de casa nova


Instalada em uma antiga destilaria de uísque, o centro de exibição mistura arquitetura clássica e contemporânea, um cinema, galerias e ainda: um prédio todo coberto de ouro

* Com Isabella Pavão

Você sabia que a Fundação Prada está de casa nova? No último dia 08, a entidade criada por Miuccia Prada e Patrizio Bertelli inaugurou seu novo espaço em Milão, dando mais uma opção além da sua sede em Veneza. Agora, o público poderá ter acesso ao famoso acervo de arte, em especial obras contemporâneas, produzidas a partir de 1950, como por exemplo a Vênus Restaurada, do artista americano Man Ray. Pega na mão de HT e vem dar uma passeada por dentro…

O cenário é uma antiga destilaria no Largo Isarco, ao sul de Milão, com cerca de 19 mil metros quadrados de área; e foi projetado pelo estúdio OMA, o Office for Metropolitan Architeture, e é assinado por Rem Koolhaas em parceria com o cineasta Wes Anderson. A OMA renovou partes do antigo edifício e manteve outras como eram, além de construir um pavilhão futurista que contrasta com o prédio original. Uma ótica sacada, diga-se de passagem.

“Nós trabalhamos respeitando aquilo que já existia. Analisamos o que já estava aqui e decidimos que ainda existia algumas coisas faltando, e basicamente nós adicionamos essas necessidades numa nova arquitetura”, disse Koolhaas sobre o projeto. Além dos pavilhões e galerias que abrigam quadros, esculturas e instalações, a Fundação conta com um cinema, uma biblioteca e um bar, além de um outro prédio de nove andares que deve ser inaugurado ano que vem, onde um restaurante e mais galerias devem ser abrigados. Com livre acesso ao público, o ingresso para as exibições deverá custar 10 euros.

“Eu acho que a maioria das instituições contemporâneas de arte oferecem uma tipologia de exibição relativamente limitada, e são muito parecidas em termos de escala, em termos de circulação e em termos de condições. O que vimos aqui era o potencial para uma verdadeira diversidade”, completou Koolhaas. O novo prédio Podium, que foi desenhado para receber exibições temporárias, e o cinema foram inseridos no centro do complexo, dividindo o espaço com uma série de pequenos jardins. O cinema, que é revestido de espelhos, é uma estrutura parcialmente afundada no subsolo, enquanto o envidraçado Podium foi construído em torno de um outro edifício – que é conhecido como Casa Assombrada.

Para enfatizar a sua estrutura antiga (e para dar ar de luxuosidade), a OMA revestiu o exterior do prédio cuidadosamente com folhas de ouro 24K, deixando apenas o vidro das janelas de expostos. “Na realidade, isso foi uma inspiração de última hora, para achar um jeito de valorizar um elemento simples. Mas nós acabamos descobrindo que o ouro é um material barato para revestimento, se comparado com outros como mármore ou até mesmo a pintura”, explicou o arquiteto, que emendou: “para mim, o efeito mais excitante e visível é como o ouro e a luz refletida nele contaminam todo o ambiente. Com a mudança de luz, o efeito dessa pequena intervenção pode ser percebido por todo o complexo”.

O projeto da cafeteria, o Bar Luce, ficou por conta do diretor Wes Anderson. Papel de parede no teto e paredes com referências da Galleria Vittorio Emanuele, um prédio icônico de Milão, a paleta de cores, a mobília em fórmica e os painéis de madeira folheada são inspirados nos típicos cafés da cidade, das décadas de 1950 e 1960. “Isso é para a vida real. Eu tentei fazer um bar onde eu gostaria de passar minhas tardes não-fictícias”, disse Anderson.

Em um comunicado, a Fundação Prada disse que “reforça sua vocação multidisciplinar, destacando a autonomia e especificidade de cada linguagem criativa. Uma estrutura flexível e aberta – formada por curadores, escritores, cineastas e pensadores, todos convidados a elaborar e realizar novos projetos – vai guiar este novo curso e permitir a reinvenção constante do programa, bem como ativar um processo intelectual inquieto e em evolução”.

Para a abertura, a Prada recrutou artistas contemporâneos de peso, como o artista plástico Robert Gobert, o fotografo Thomas Demands, que vão levar instalações que dialogarão com a arquitetura industrial do edifício,  e o diretor Roman Polanski, que vai mostrar seu novo documentário sobre suas inspirações artísticas. No mais, uma seleção de obras de arte da coleção da Prada será apresentada em conjuntos temáticos, com curadoria de Salvatore Settis. A Serial Classic, que foge do tema central da instituição – a arte contemporânea -, reúne reproduções romanas de obras criadas pelos gregos, reunindo cerca de 70 cópias feitas, em geral, nos séculos 2, 3 e 4 d.C. que mostram a importância da reprodução em série naquela época.

Entre os convidados para o jantar e coquetel de apresentação da Fundação, estavam Franca Sozzani, editora da “Vogue” Itália e sua irmã, Carla Sozzani, que é a dona da multimarca conceito 10 Corso Como; o casal Pirelli Afef Jnifen e Marco Tronchetti, o artista Caster Holler, a editora de moda Naomi Itkes, Paolo Zegna, presidente da Ermenegildo Zega, com o CEO da marca, Gildo Zegna e sua esposa Elena, entre muitos outros.