Ferreira Gullar ganha mostra sobre seus 85 anos e dispara: “Felizmente o PT vai sair do poder e nos deixar em paz. Esse partido foi um desastre no país”


Durante a inauguração da mostra no Espaço Cultural do BNDES, o poeta, disse ao HT que a situação atual do Brasil é por falta de competência

Os 85 anos da trajetória de Ferreira Gullar, um dos principais nomes da literatura brasileira, é o tema da exposição em cartaz no Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro. A vida e obra do poeta e um dos fundadores do neonconcretismo brasileiro é contada através de textos, imagens, vídeos e depoimentos na mostra organizada por Claudia Ahimsa e Augusto Sérgio Bastos. Em entrevista ao HT, Gullar disse que, antes da literatura, experimentou o universo das tintas e pincéis. “Eu nunca fui pintor de fato. Comecei a pintar, porque admirava essa arte e achava que poderia fazer o mesmo. Depois que vi que não era a minha e aí virei poeta. Mas isso faz muito tempo. Eu comecei a escrever com 13 anos, nem sabia o que era”, relembrou.

Exposição no Espaço Cultural BNDES (Foto: André Telles)

Exposição no Espaço Cultural BNDES (Foto: André Telles)

Ao longo da carreira, Ferreira Gullar, que faz parte da Academia Brasileira de Letras, coleciona importantes obras como “Poema Sujo”, “Dois e Dois São Quatro” e “A Luta Corporal” e prêmios como Jabuti (2007) e Camões (2010). Como nos contou, ele não segue um método para escrever e nem uma frequência para criar novos textos. Inclusive, faz cerca de oito anos que Gullar não escreve um novo poema. “Cada poeta tem a sua maneira de escrever. Eu pessoalmente nunca tive uma forma especial. A poesia nasce da combinação de um espanto, uma emoção com a experiência do escritor com as palavras. A partir daí, cada um tem um método de fazer”, explicou. E o mesmo sentimento necessário no autor no momento de escrever é sentido na pessoa que recebe a arte. Para Ferreira Gullar, essa troca ocorre como consequência da verdade expressada por meio da obra. “Quando eu escrevo, não estou pensando em fulano ou beltrano. A não ser quando estou escrevendo para alguma namorada. Fora isso, quando faço um poema não estou imaginando a reação de quem vai ler. Eu escrevo pelo meu prazer, pela necessidade de expressar o que eu estou sentindo. E é claro que isso passa para outra pessoa. Faz parte da magia que tem na arte: quando você se emociona enquanto realiza, você vai provocar o mesmo no outro ao ver a sua arte”, disse Gullar.

Um passeio pelos 85 anos do escritor (Foto: André Telles)

Um passeio pelos 85 anos do escritor (Foto: André Telles)

E engana-se quem pensa que a poesia funciona como um refúgio para o poeta. De acordo com ele, se alguém escreve com essa intenção, é porque está “doente da saúde mental”. “Não tem nada de válvula de escape, isso é uma bobagem que inventaram. Quem faz isso não faz literatura, faz outra coisa. A poesia é uma invenção da vida. Ela não expressa e nem revela a existência. A arte é feita pelo prazer de criar beleza e algo especial”, afirmou.

Ferreira Gullar quis ser pintor antes de virar poeta (Foto: André Telles)

Ferreira Gullar quis ser pintor antes de virar poeta (Foto: André Telles)

Durante a ditadura brasileira, Ferreira Gullar precisou ficar exilado na Rússia, Argentina, Chile e Peru e também foi preso e ameaçado pelo Departamento de Polícia Política Social por lutar pela democracia no nosso país. Hoje, num dia histórico, em que o Senado aprovou o processo de impeachment da presidente Dilma Roussef, Gullar comemora pelo possível fim da era petista no país. “Eu estou vendo que felizmente o PT vai sair do poder e nos deixar em paz. Esse partido foi um desastre no país. No começo, eles prometiam uma coisa, mas fizeram exatamente o contrário. O PT nasceu dizendo que era o partido que não rouba e nem deixa roubar, mas fizeram os dois. É um despautério total, é o partido da mentira. Tudo o que o Lula e a Dilma dizem é falso. Eles têm horror à verdade. Olha como está o país: 11 milhões de desempregados, inflação, a situação da Caixa Econômica. Eles não entendem isso. O Lula não entende de nada, nunca leu um livro, como ele mesmo já disse. A Dilma é burra, toda vez que ela abre a boca ela diz uma bobagem. Então não tem competência, aí é isso que deu nesse desastre atual”, argumentou. Para Gullar, a história de que um operário pode salvar a pátria não passa de um mito criado pelo Partido dos Trabalhadores. “Não existe nada disso. O operário trabalha muito e é um dos principais criadores de riqueza do país. Mas não quer dizer que, em função disso, automaticamente ele é um grande presidente. Cada pessoa tem talentos determinados. Ou o cara nasce para ser político ou então não tem condição de ser. Esse populismo que eles instauraram no Brasil é algo lamentável, que felizmente está chegando ao fim”, disse Ferreira Gullar ao HT.

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“Esse populismo que eles instauraram no Brasil é algo lamentável, que felizmente está chegando ao fim” (Foto: André Telles)