Exposição no espaço Carpintaria coloca lado a lado Adriana Varejão e Paula Rego e faz ponte aérea Brasil-Portugal


Adriana Varejão e Paula Rego, segundo a galerista Marcia Fortes, possuem semelhanças como a profundidade de seus quadros. O vernissage, nesse sábado, reuniu uma turma ótima. Vem ver!

Regina Casé e Adriana Varejão

Encontro de gigantes é o que o público pode ter o prazer de ver entre as obras da brasileira Adriana Varejão e da pintora portuguesa Paula Rego que exibem suas pinturas, lado a lado, no espaço Carpintaria, no Rio de Janeiro, desde o último sábado, quando Adriana recebeu uma turma da pesada para conferir as obras da dupla. Paula, por conta da idade e longa distancia que a separa do Rio – ela atualmente mora em Londres -, não pode vir Apesar de viverem a um oceano de distância, ambas conseguem possuir muitas semelhanças principalmente pelo fato de sempre revisitarem o passado ou a ficção. Constantemente é possível ver as raízes mais profundas e ocultas de uma narrativa em seus quadros. “Eu me coloco totalmente como aprendiz. Acho a Paula uma mestre. É muito difícil responder à obra de uma pessoa que você admira tanto”, afirma Adriana.

Adriana utilizou uma técnica chinesa para confeccionar esta obra (Foto: Divulgação)

Metáforas são com a Adriana. De uma forma sutil, busca entender e expor os acontecimentos se aproximando das ciências humanas como a antropologia, além de caminhar pelas vielas da literatura histórica. Este viés literário, no entanto, é ilustrado nas imagens às quais critica ativamente. A brasileira coloca a serviço dos nossos olhos seis pinturas que fazem parte da série de obras que dialoga com a cerâmica do português Bordalo Pinheiro e a com o tema sexual e a amamentação. Este último é feito em formato de folhas secas e, antes da exposição, só foi visualizada em Hong Kong. A ideia para criar este quadro foi a partir da técnica chinesa de pintura sobre folhas naturais que se mesclam ao recurso da cerâmica e do craquelamento que segue usando em suas obras.

A portuguesa também é metade londrina já que se mudou para a Inglaterra no início dos anos 1950. Seus trabalhos surgem de relatos os quais ela transforma em séries de quadros onde a pintura é protagonista e o lado perverso sempre se destaca. As quatro telas e o único móbile em exposição foram iniciados a partir do texto Primo Basílio, de Eça de Queiroz, e Bastardia, de Hélia Correia.

Adriana vê Paula como uma inspiração (Foto: Divulgação)

A partir do dia 2 de setembro, o público que for visitar o espaço Carpintaria, no Rio de Janeiro, poderá refletir e entender as relações entre ambas as artistas. O local foi inaugurado há pouco tempo e possui o intuito de exercitar o pensamento, estimular diálogos e formas de expressão. A idéia é que as pessoas possam pensar em suas similaridades e discutir seus contrastes. Exposições como esta comparando apenas dois artistas são raras e tudo começou a partir da retrospectiva da obra de Paula Rego que aconteceu em 2011, quando a galerista Marcia Fortes achou curioso juntar as duas.

Para iniciar a comparação, o móbile de Paula onde se veem sereias assustadoras com uma pintura protagonizada por elementos marítimos de Adriana estarão no início da galeria. . “É um diálogo corporificado, explosivo. Em vários momentos as duas parecem duelar com o mundo”, acrescenta Marcia, que esteve no Rio no fim de semana para receber os convidados que iam de Regina Casé a Deborah Bloch, passando por Zerbini e Oskar Metsavaht. Vem ver a galeria, com os cliques de Felipe Panfilli.

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SERVIÇO:

CARPINTARIA

Rua Jardim Botânico, 971 – Jd Botânico

22470-051 Rio de Janeiro

Tel (21) 3875 5554

 

Paula Rego e Adriana Varejão

Abertura: 2 de setembro de 2017, de 15h às 18h

Visitação: De terça a sexta, de 10h às 19h; Sábados, de 10h às 18h

Até 4 de novembro de 2017