Day 2: estreia da tecnologia 3D na moda brasileira, guerreiras urbanas e cores e estampas nada básicas invadem a passarela do Minas Trend


Na passarela, Plural, Natália Pessoa e Anne est Folle desfilaram suas criações para o Verão 2018. Já a Ellus recriou sua última apresentação da SPFW e levou peças da coleção Inverno 2017, que comemora os 45 anos da grife, para a passarela do Minas Trend. Veja como foi!

A passarela da 20ª edição do Minas Trend ganhou novas formas e cores no primeiro dia de evento. Aliás, muitas cores. Ontem, depois de acompanharmos a apresentação comemorativa dos dez anos de fashion week mineira na noite anterior, quatro grifes levaram suas criações para a catwalk. Na programação, foi a vez da Ellus, Natália Pessoa, Plural e Anne est Folle darem vida às criações que também estão expostas no Salão de Negócios do evento e que, em seu primeiro dia, agitou os corredores do Minas Trend. Por lá, passeamos em um universo de inspirações que foi de Carlos Drummond de Andrade às guerreiras urbanas, sem esquecer da estreia da impressora 3D nas passarelas brasileiras. Vem com a gente saber de tudo o que rolou!

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Ellus

Para dar início ao primeiro dia de ano.dez, como esta edição comemorativa do Minas Trend foi batizada, a Ellus continuou com seu clima de festa. Em 2017, a grife completa 45 anos e, assim como fez na última edição da SPFW, apostou em uma coleção que foi buscar na própria trajetória a inspiração para as criações. Como destacou Adriana Bozon, diretora criativa da grife, a proposta era fazer algo que retratasse e evidenciasse as quatro décadas e meia de sucesso da Ellus no cenário da moda nacional. “Nós olhamos muito para a nossa identidade para conseguir enxergar quais são os pontos fortes dessa trajetória. Por isso, nessa coleção, apostamos muito no couro, xadrez e na alfaiataria que, assim como o jeans, faz muito parte da nossa história. Então, eu acredito que essa coleção foi um olhar amplo em cima de todos esses 45 anos e que não é datada”, explicou. Na prática, a Ellus levou para a passarela do Minas Trend uma coleção que combinou a reedição de peças ícones da marca, como jaqueta de couro, coturno e jeans e uma inspiração mais romântica. Neste mood, os destaques foram os vestidos e blusas com referências vitorianas e estampas florais.

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Como disse Adriana, a ideia da Ellus é que, embora esta coleção seja Inverno 2017, peças mais frescas possam ser usadas também no Verão e que as criações não se limitem às tendências atuais. “Eu vejo essas criações como no season e que, seja verão ou inverno, as roupas vão estar presentes, só de formas diferentes”, apontou a diretora criativa que também destacou a versatilidade das peças. Assim como podem atender ao frio e ao calor, a coleção Inverno 2017 da Ellus também tem o poder de se reinventar. Depois de fazer um super desfile em São Paulo há duas semanas com o mesmo clima de comemoração, Adriana Bozon contou que recriou os looks para poder apresentar algo novo no Minas Trend. “Nós refizemos todo o desfile. Alguns looks tinham peças repetidas. No entanto, o styling foi completamente diferente, feito só para o Minas Trend, e também trouxemos novas peças da coleção para a passarela”, disse.

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Aliás, esta preocupação era algo previsível de Adriana Bozon. Fã e admiradora da fashion week mineira, a diretora criativa e a Ellus possuem uma relação bem próxima do evento. Nesta 20ª edição, a grife celebra as inúmeras experiências de sucesso no Minas Trend que, hoje, já faz parte da trajetória festiva da marca. “A Ellus é uma marca que tem tradição muito forte em Minas Gerais. Muitos de nossos clientes são de estado e as lojas de Belo Horizonte sempre se destacam. Por isso, é mais que uma honra manter essa parceria constante com o Minas Trend”, destacou.

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Na beleza assinada por Ricardo dos Anjos, o contraponto entre bocas vermelhas, olhos marcados e make de cara lavada se intercalavam na passarela. Segundo o beauty stylist, a ideia foi manter o que deu certo na São Paulo Fashion Week, quando a grife desfilou a mesma proposta. “Na maquiagem, a gente reproduziu o que elas já haviam feito na SPFW e que era bem a identidade da coleção. Como base, para todos os desfiles, estamos usando uma pele bem natural, iluminada e com a cara do verão”, contou Ricardo que, para o cabelo do desfile da Ellus trouxe um aspecto mais podrinho. “O cabelo tinha um ar mais de praia e, para dar rebeldia aos fios, nós usamos spray de água do mar”, revelou.

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Natália Pessoa

Cores para que te quero? Essa foi a ideia que embalou e conta a história da grife Natália Pessoa no cenário da moda. Para o Verão 2018, a estilista da marca homônima trouxe a paleta para o protagonismo da coleção. Segundo Natália, mais do que uma tradução do conceito, as cores foram as inspirações para as suas criações. “O nosso processo criativo geralmente é em cima de cores. O DNA da marca já traz um perfil super colorido e nós trabalhamos sempre com a mistura de tons. Por isso, a inspiração partiu justamente da cartela da coleção”, explicou a estilista que elegeu o lima, turquesa, rosa, branco e preto como tons da temporada.

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Para ornar com a paleta que foi sucesso na passarela, Natália Pessoa apostou em shapes mais oitentistas. Nos modelos, todos monocromáticos, as mangas bufantes, os babados e a alfaiataria desconstruída se destacaram. Por falar nela, os smokings foram o ponto de partida para a recriação de bodies e vestidos para essa coleção da grife. Como garantia do resultado à la anos 1980, Natália Pessoa misturou novidades e tradição nos matérias elegidos para a estação. “Dessa vez, nós trabalhamos os fios de lurex e viscose em paralelo com o DNA da marca, que é o tricô”, pontuou.

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A proposta monocromática também foi a essência da beleza do desfile. Sob responsabilidade e talento de Ricardo dos Anjos, as modelos desfilaram pequenas interferências nos olhos no tom das roupas da coleção. O resultado? Uma harmonia singular na passarela do Minas Trend. “Nos olhos, nós traçamos delineadores gráficos acima do côncavo na cor da roupa. Então, a proposta dessa maquiagem era potencializar a ideia monocromática da coleção”, explicou Ricardo que, nas madeixas, alisou os fios e os dividiu ao meio.

Beleza do desfile da grife Natália Pessoa na 20ª edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

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Plural

A tecnologia foi o destaque da grife de Glaucia Froes. Ontem, a Plural foi a primeira marca brasileira a desfilar peças feitas em impressão 3D no país. A parceria, que inclui a FIEMG, federação que promove o Minas Trend, o SENAI Modatec, o Laboratório Aberto e a 3D Lopes, originou belíssimas quatro peças apreentadas na noite de ontem. Na coleção que trazia o poema “Casa Arrumada”, de Carlos Drummond de Andrade, Glaucia Froes inovou e recriou sua maneira de fazer moda. “A tecnologia é o futuro e nós precisamos estar sempre abertos. Eu acredito que essas inovações chegam como uma forma de valorizar o designer. Nós vamos poder parar com aquela ideia de copiar e conseguir criar novidades na essência”, disse a estilista que teve uma experiência express com a nova tecnologia. “Quando a gente começou o projeto, eu confesso que fiquei assustada. É tudo muito novo. Ainda mais da forma com que fizemos. Esse era um trabalho para ser desenvolvido durante um ano. Porém, tudo foi feito em três semanas”, revelou.

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No processo, Glaucia Froes desenvolveu padrões que foram impressos nos moldes 20×20 cm e que depois foram colados para a produção das peças. Agora, depois do sucesso dos modelos, que também estão expostos na entrada do Minas Trend, a estilista acredita em um novo futuro para a produção de moda. “Está tudo muito rápido. Daqui a uns dez anos, nós vamos às lojas apenas para escolher o padrão e o tamanho. As máquinas vão tomar conta e fazer a roupa na hora para a gente”, acredita Glaucia.

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Porém, além das novidades tecnológicas que a Plural trouxe para o desfile Verão 2018, a grife mais uma vez fez bonito na passarela. Como inspiração, a estilista contou que a ideia era manter a casa arrumada, em uma brincadeira com o poema de Drummond que originou os modelos. “A gente quis arrumar a casa e pegar o clima de aconchego e conforto do lar para trazer para a coleção. Então, nós começamos a trabalhar todas as ideias e referências que tínhamos de casa. Nas cores, por exemplo, o dourado simboliza a riqueza das casas mais antigas, o branco é a porcelana das xícaras e pratos e o prata traz a ideia das louças”, detalhou a estilista que também trouxe elementos de cozinha como brincos.

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Na beleza, a ideia de conforto e aconchego da nossa casa também se fez presente. De acordo com Ricardo dos Anjos, quem assinou a produção, a principal informação dos rostos estava nos olhos, que tinham um delicado brilho rosé. “Na Plural, nós usamos um glitter rosa nas pálpebras, que foram aplicados de forma livre, e fizemos uma pele muito iluminada e com aspecto um pouco úmida. Todos os produtos foram pensados para otimizar uma ideia de rosa cintilante e conforto, que tem tudo a ver com a coleção”, contou.

Beleza do desfile da Plural na 20ª edição do Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

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Anne est Folle

De volta às passarelas do Minas Trend, a grife das irmãs Ludmila e Renata Manso fez um desfile forte e bem marcado. Embalada pelo conceito de guerreira urbana, a marca apostou em um mix de estampas super coloridas, sapatos autênticos e maquiagem marcada. “A gente queria trazer uma mulher guerreira, urbana e contemporânea, porém livre”, começou explicando Ludmila Manso. Para isso, a Anne est Folle não se restringiu a um único tema. Como explicou Renata, a composição da inspiração para o Verão 2018 foi plural e bem rica. “Como hoje a gente tem acesso a muita informação, fica difícil focar em apenas uma temática. As imagens vão surgindo e nós fazemos um acumulado disso tudo para criar a coleção e as estampas”, explicou.

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Entre florais, pinturas e a geometria dos anos 1920, a Anne est Folle apostou na informação visual para os modelos da temporada. “Nessa coleção, nós trabalhamos muito com a forma também. Além da estampa, eu costumo dizer que enfeitamos as roupas com babados, adereços, fitas e franzidos”, destacou Renata Manso que nesta coleção desconstruiu um preconceito antigo em relação aos materiais adotados. “A gente tem uma lembrança do passado que queima um pouco a viscose. Mas, hoje em dia, esse tecido tem chegado muito nobre ao mercado. Inclusive, todo o nosso crepe é basicamente todo em viscose e está maravilhoso”, confessou a estilista que misturou a viscose ao linho e outras fibras naturais.

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Outro destaque do desfile da Anne est Folle estava nos pés. Além dos modelos de vestuário pensados para o Verão, as irmãs também criaram os sapatos para ornar com a produção. E engana-se quem pensa que foram calçados simples. “Nós desenvolvemos em parceria com a grife essamulher que, a princípio, era só de bijuteria. Porém, as meninas da marca são bem loucas igual a gente, entenderam a nossa vontade e toparam mergulhar na ideia conosco”, lembrou. Como resultado, modelos autênticos que tinham crochê, cadarço e bolsa de mercado em nylon como base. Além do atributo fashion, os sapatos desenvolvidos para o desfile da Anne est Folle também tinham o conceito sustentável, embora esta não tivesse sido a proposta. “Nós queríamos algo que fosse bastante estético para a passarela e tivesse um caráter exclusivo. Queríamos um sapato para chamar de nosso e que conversasse com a coleção. Nada de pegar emprestado de outras marcas”, confessou Renata Manso.

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Como adiantamos, a beleza de Ricardo do Anjos para esse desfile também foi um destaque à parte. Nos cabelos, o beauty stylist fez tranças divididas em duas partes e as recheou com círculos de ferro prateado. Nos olhos, a ideia de guerreira ganha forma em maquiagem marcada, preta e nada discreta. “A trança dupla lembra um moicano e acompanha um olho bem pesado, como se fosse uma marcara de guerreira. Pelo rosto, fizemos algumas interferências com piercings vermelhos pelo nariz e olhos. A proposta dessa maquiagem é trazer um clima bem tribal para a passarela”, explicou Ricardo dos Anjos.

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