Antonio Cicero lança o livro ‘A poesia e a crítica’ no qual fala sobre o universo da poesia sob as lentes de um filósofo atento e questionador


A noite de autógrafos lotou a Livraria da Travessa, de Ipanema, com a presença ilustre de Caetano Veloso e Marina Lima

Antonio Cicero combina seu lado filosófico com o poeta e lança o livro ‘A poesia e a crítica’. No total, são treze ensaios que compõe o exemplar que tem como tema central a criação do poeta em textos escritos por dez anos. O começo dessa história foi em 2006 e só teve fim no ano passado. Durante a trajetória, passeou por autores como Fernando Pessoa e Drummond. A ideia é abordar a importância de vários elementos como a preguiça para o momento da criação artística, como objetivo de entender o que é esta estrutura literária. A dedicação pelo tema existe porque o autor é completamente apaixonado pelo o que faz. “A poesia significa tudo na minha vida. Foi o que nasci para fazer, a pretensão que tenho de vida. Comecei a gostar de poesia desde muito cedo. Me encantava pelo livro de Gonçalves Dias chamado ‘Juca Pirama’, foi a primeira literatura que me influenciou mais quando estava na escola primaria. Li aquele exemplar e me apaixonei pelo ritmo”, conta o autor sobre o começo de tudo.

Marina Lima prestigia o irmão Antonio Cicero em lançamento do livro (Foto: Reprodução Instagram de Thereza Eugenia)

O autor é um grande defensor da importância da poesia para a vida das pessoas. Apesar de estarmos em um momento ruim do país e do mundo, Cicero afirma que precisamos continuar lendo muito. “Poesia pode ser lida em qualquer momento, seja ele bom ou ruim. Na verdade, acho que os momentos de guerra são quando as pessoas mais precisam dessa literatura, porque ela te leva a uma outra dimensão. As pessoas passam a reconhecer o mundo de outra forma, como se o leitor estivesse em outra vida. O papel da poesia vai ser sempre o mesmo, seja no passado, presente ou futuro. Ela nos abre outras perspectivas, formas de aprender o mundo e o ser”, filosofa o autor.

Antonio Manuel, Caetano Veloso e Jorge Salomão no lançamento do livro (Foto: Redes Sociais)

Um dos leitores assíduos da literatura de Cicero é Caetano Veloso. Durante a noite de autógrafos que aconteceu nesta quinta, na Livraria da Travessa, o cantor apareceu para prestigiar o amigo e destacou a importância que o mesmo tem em sua vida. “O Cícero foi um amigo que fiz quando estava em Londres. Ele apareceu na minha casa porque era parente da minha mulher, na época, Dedé Gadelha. Acabamos ficando amigos e vi que ele era um cara muito culto, inteligente, sensível e muito bom para conversar. Muito estudioso. Desde então, nos comunicamos sempre. Fico muito feliz por ele lançar este livro, é um grande poeta. Ele fala de duas coisas que me interessam muito”, lembrou Caetano.

Convite para o lançamento do livro (Foto; Divulgação)

Além de forte candidato a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, o poeta também é compositor. Já compôs inúmeras músicas ao lado da sua irmã, Marina Lima, como ‘Fullgás’. A musa, aliás, fez questão de comparecer na noite de autógrafos. “É muito querido, procuro sempre saber dele. Admiro muito a pessoa que é. Criei uma obra praticamente inteira com ele. A gente compôs muitas músicas juntos, um grande parceiro na minha vida. Ele sempre está do meu lado nos trabalhos que faço. Na música, principalmente, ambos acabam influenciando um ao outro. Fora isso, tem uma forte atuação na minha vida pessoal, principalmente por ser dez anos mais velho. Me indicou leituras e me fez gostar de poesia. Aprendi muito com ele”, conta a cantora.

Antonio Cicero lança seu novo livro ‘A Poesia e a Crítica’ (Foto: Leo Martins)

O próximo disco da cantora vai sair em outubro com o total de oito músicas. “O disco vai ser ótimo, tenho duas músicas com ela no CD. Nos juntamos um dia, começamos a trabalhar nesse projeto e vai sair agora. Vamos falar sobre São Paulo, Rio de Janeiro e sobre a vida”, lembra Cicero.

Caetano já fez uma música com os dois irmãos, o que foi uma experiência ótima para todos. No entanto, não tem planos de fazer outra para relembrar aos velhos tempos. “Na verdade, o Cícero escreve letras porque a Marina roubou um poema dele e transformou em canção. Desde que se tornou cantora profissional, sempre pediu novas músicas para ele, que acabava fazendo. O negócio dele é com a poesia impressa e os textos de filosofia”, brinca o cantor. No momento, ele está se dedicando a projetos pessoais como relançar o livro ‘Verdade Tropical’. “Por enquanto, estou escrevendo uma nova introdução para o livro e, enquanto isso, tenho alguns shows pela frente. Depois isso, vou começar a pensar em outra coisa. Trabalhei com grandes bandas das quais tenho as mais maravilhosas lembranças e só me restam saudades”, contou Caetano.