Agenda Cultural: Marcos Guttmann estreia seu primeiro longa, “Maresia”, que foi uma adaptação da obra “Barco a Seco”, de Rubens Figueiredo: “São dois trabalhos distintos”


E mais: sétima edição do Back2Black no Brasil apresenta Grace Jones como atração principal do evento que ocorre neste sábado, véspera do dia da consciência negra. Além da diva jamaicana, o festival ainda traz os destaques do atual cenário da black music brasileira, como Rico Dalasam, Dream Team do Passinho e Deize Tigrona. Programe-se!

E quando pintura, literatura e cinema se juntam em um mesmo trabalho? Essa é a proposta de Marcos Guttmann no filme “Maresia”, que estreia nesta semana. No longa, que foi o primeiro da carreira do diretor, Guttmann fez uma adaptação do livro “Barco a Seco”, de Rubens Figueiredo, que ganhou o Prêmio Jabuti em 2002. O enredo da versão cinematográfica, que tem Júlio Andrade e Vera Holtz no elenco, narra a vida de Gaspar Dias, um perito fã e apaixonado pelo trabalho do pintor Emilio Vega. Na pré-estreia do filme, o site HT conversou com o diretor Marcos Guttmann que destacou que, apesar de ser uma adaptação, as obras são autônomas e diferentes. “Eu acho que a gente nunca deve comparar o filme com o livro, porque são dois trabalhos distintos. Dito isso, eu acho que temos escolhas e opções na hora de interpretar o filme. De forma muito generosa, o Rubens Figueiredo não quis mexer no meu projeto cinematográfico. Ele preferiu não ler o roteiro, mas adorou o resultado”, contou o diretor que decidiu fazer o filme no momento em que conheceu a obra de Rubens Figueiredo. “Eu já tinha vontade de fazer um longa com a temática do que é falso e verdadeiro e real e imaginário. Quando eu li o livro ‘Barco a Seco’, eu imediatamente quis adaptá-lo para o cinema mesmo antes de terminar a leitura”, revelou.

No papel principal, Júlio Andrade tem a dupla função de interpretar o pintor Emilio Vega na primeira fase e, 50 anos depois, dar vida a seu admirador, o perito de arte Gaspar Dias. Enquanto o artista era um personagem visceral e, segundo Julio, “um leão do mar”, o estudioso era mais obsessivo e detalhista. Sobre esta dupla experiência, Júlio Andrade explicou que preferiu pensar nos personagens como se fossem filmes separados. “Como eu fiz primeiro a parte do Vega, que tinha uma relação com o mar e uma pegada mais rústica, eu me joguei neste universo. Depois, eu me despi desse pintor, mudei o cabelo e cortei a barba para poder entrar na história do Gaspar, que é muito mais atual”, apontou.

Parceira do perito Gaspar Dias e admiradora do trabalho do pintor Emilio Vega, a personagem de Vera Hotz é uma dona de galeria. No longa “Maresia”, a atriz é Angelina, uma mulher que anda lado a lado com a arte. “O Gaspar tem um laboratório dentro da galeria de arte da minha personagem e, por isso, eles criam uma relação de afeto. Então, o trabalho de um é dependente do outro. Afinal, a Angelina só pode vender uma obra se o perito autenticá-la como original”, destacou.

Júlio Andrade e Pietro Bogianchini no filme "Maresia" (Foto: Reprodução)

Júlio Andrade e Pietro Bogianchini no filme “Maresia” (Foto: Reprodução)

Mariana Nunes é Maria, uma viúva pescadora que assume os negócios do falecido marido e mora na mesma região de Emilio Vega. Animada com o trabalho para as telonas, a atriz contou que não conhecia a história original do livro de Rubens Figueiredo. Segundo Mariana, para o filme, ela preferiu ler só algumas partes da obra para ter liberdade na hora de criar sua personagem. “Eu decidi trabalhar com uma pequena parte do original para poder ter uma orientação. Mas são dois trabalhos diferentes. Quando um diretor adapta uma obra literária, ele está criando um novo trabalho em um diferente formato. Então, eu acho que não dá para comparar. Geralmente, quem faz essa análise, sempre acha que os filmes são mais pobres que os livros. Mas não é para ser igual, é uma adaptação”, argumentou.

E tem mais estreias nas telonas! Além de “Maresia”, esta semana também ocorre o lançamento de “BR 716”, o novo longa com Caio Blat que ganhou a categoria “Melhor Filme” no Festival de Gramado deste ano. O destaque da Agenda Cultural do HT também vai para o festival Back2Black que ocupa a Cidade das Artes neste sábado. Com uma programação farta e plural, o evento que visa valorizar a cultura negra apresenta a diva do pop jamaicano Grace Jones nesta sétima edição em solo brasileiro. Vem!

Cinema:

Animais Fantásticos e Onde Habitam”: Newt Scamander (Eddie Redmayne) é um excêntrico magizoologista, ou seja, um bruxo que estuda criaturas mágicas. Na posse de uma mala poderosa, que contem fantásticos animais do mundo mágico que foram capturados em viagens, ele chega a Nova York para novas missões. No entanto, nem todo o cuidado e atenção com a mala foi suficiente e alguns desses animais fantásticos acabam fugindo.

Sob Pressão”: o drama e a realidade da rotina em um hospital público é o enredo do novo filme de Andrucha Waddington. No longa, a equipe médica de uma unidade hospitalar precisa decidir e priorizar o atendimento a três pacientes que foram baleados em um tiroteio. A escolha por atender uma criança, um traficante ou um policial dita o enredo do filme que tem Julio Andrade, Marjorie Estiano e Andréa Beltrão no elenco.

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BR 716”: um apartamento na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, é o plano de fundo do novo longa de Domingos Oliveira. No imóvel, o engenheiro e aspirante a escritor Felipe leva uma vida regada a álcool e festas em meio a boemia carioca dos anos 1960. Por lá, ele e os amigos aproveitam a vida de forma totalmente liberal, mesmo o cenário político do momento sendo conturbado.

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Teatro:

Antígona”: com tradução de Millôr Fernandes, Andréa Beltrão estreia nesta quinta-feira, 17, a peça que reconta a história de Antígona, de Sófocles, de uma maneira bem informal. O monólogo, que é dirigido por Amir Haddad, está em cartaz no Teatro Poeirinha de quinta-feira à sábado às 21h e aos domingos às 19h. Os ingressos custam R$ 80,00.

Uma Vida Boa”: o drama real documentado em “The Brandon Teena Story” e no filme “Meninos Não Choram”, ganha os palcos do Solar de Botafogo em um projeto dirigido por Diogo Liberano. Com texto de Rafael Primot, Amanda Mirásci interpreta B., um homem que nasceu em corpo de mulher e que decidiu assumir a identidade masculina. A peça, que também tem Pablo Sanábio, Julianne Trevisol e Daniel Chagas no elenco, narra as dificuldades enfrentadas por este personagem que acaba sendo assassinado. O espetáculo estreia neste sábado e fica em cartaz até 19 de dezembro. As sessões são de sábado à segunda-feira às 21h e aos domingos às 20h no Solar Botafogo. Os ingressos custam R$ 40,00.

Julianne Trevisol e Amanda Mirásci em "Uma Vida Boa" (Foto: Renato Mangolin)

Julianne Trevisol e Amanda Mirásci em “Uma Vida Boa” (Foto: Renato Mangolin)

O Escândalo Philippe Dussart”: o monólogo de Marcos Caruso, com direção de Fernando Philbert, segue em cartaz no Teatro Maison de France no Centro. No espetáculo, o ator aborda e questiona a função e o poder da arte nos dias de hoje a partir de um caso fictício. Marcos Caruso se apresenta de quinta-feira a sábado às 21h e aos domingos às 18h. Os ingressos custam R$ 60,00.

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Marcos Caruso em "O Escândalo Philippe Dusseart" (Foto: AgNews)

Marcos Caruso em “O Escândalo Philippe Dusseart” (Foto: AgNews)

Shows e festas:

Back2Black: a sétima edição brasileira do evento que celebra a diversidade rítmica da black music será no Rio de Janeiro – e com entrada franca. No sábado, véspera do dia da consciência negra, a Cidade das Artes, na Barra, que é parceira do projeto, será ocupada por muita arte. Para isso, o Back2Black apresenta a musa do pop jamaicano Grace Jones como atração principal, na Grande Sala (apesar do evento ser gratuito, o show da artista será fechado, e os ingressos já estão à venda).  Além de Grace, o festival ainda traz o show “Nós por Nós”, com os destaques do atual cenário muscal negro brasileiro. Entre eles, Deize Tigrona, Dream Team do Passinho e Rico Dalasam. O evento começa às 19h com o debate “Cultura e Empoderamento” com a discussão sobre as questões de gênero e identidade profissional. Os ingressos para o show de Grace Jones custam entre R$ 50 e R$ 400.

*Confira a programação completa:

19h00 às 20h – Palestra com Daúde, Lellêzinha (Dream Team do Passinho), Deize Tigrona, Rico Dalasam e MC Linn da Quebrada. Mediação: Monique Evelly
20h30 às 00h30 – Batalha dos Barbeiros
20h30 às 21h30 – Show Baiana System (Brasil)
22h à 00h – Festa Batekoo
22h à 00h – Show Grace Jones (Jamaicana)
00h às 01h30 – Show Nós por Nós (Brasil) Com Daúde, Deize Tigrona, MC Linn da Quebrada, Rico Dalasam, Tássia Reis + Dream Team do Passinho
01h30 às 03h – Festa Batekoo

Fresno: a banda lança neste sábado, 19, o novo CD “A Sinfonia de Tudo que Há” na Fundição Progresso. O show do grupo que já tem 17 anos de história será às 22h na tradicional casa da Lapa. Os ingressos custam R$ 100,00 (inteira) e R$ 200,00 a entrada especial. Com este convite, é possível acompanhar a passagem de som antes da apresentação e acompanhar o show de maneira especial. Os ingressos podem ser comprados por aqui.

Roupa Nova: de volta ao palco do Metropolitan, o grupo, que há 36 anos faz parte do cenário musical brasileiro, apresenta o show “Todo Amor do Mundo” nesta sexta-feira e sábado. Desta vez, o Roupa Nova canta para o público carioca os sucessos do novo disco, além de músicas como “Sonhando com os pés no chão”, “Tenha fé na música” e “É tempo de amar”. Os ingressos para os shows que começam às 22h30 custam entre R$ 45,00 e R$ 200,00.